sábado, 31 de julho de 2010

Voltaire, um dos pensadores da Revolução Francesa


A biografia desse homem, que se dedicou à impiedade os 84 anos de sua vida, é-nos relatada por um seu admirador e grande escritor, Jean Orieux (“Voltaire ou la Royauté de l’Esprit”, Flamm-marion, Paris, 1966, 827 paginas). Nesse livro se encontra os traços da vida de Voltaire.

Seu nome era François Marie Arouet, mas conhecido como VOLTAIRE (1694-1778), nasceu na burguesia e era filho de um notário e sua mãe era uma senhora digna. Porém, Voltaire, revoltado contra a sua própria condição - tinha despeito de nao ser nobre - não achou nada melhor para alimentar sua revolta do que denegrir infamemente a sua própria mãe:

“Ele dá a entender muito claramente que sua mãe teria tido amantes e que ele seria filho de um deles.”

Apesar de ser “rico como um próspero banqueiro”, aos 56 anos, morando na Prússia, “ele se acumpliciou com um traficante berlinense, um judeu, Hirsch, para montar um negócio de especulação ilegal. Nada era mais suspeito que seu associado e sua associação”.

Voltaire era anti-religioso, mas por muitas vezes fez-se passar por religioso e fingia estar recolhido em oração. Depois comentou: “É um muito bom estratagema de guerra ir junto aos inimigos para abastecer-se de artilharia contra eles”.

Voltaire era adúltero e incestuoso. Viveu 17 anos com uma mulher casada - Mme. de Chatelet - e chegou a dividir seu leito com outro concubino que ela arranjara, além do próprio marido. Ocorreu de estarem os quatro no mesmo castelo!

Juntou-se também incestuosamente à própria sobrinha, viúva, Mme. Denis.

Voltaire era dominado pela soberba e pelo orgulho. Ele próprio se elogiava. Ademais não admitia criticas a suas obras, e quando as recebia entrava “em crise de furor”.

Quando assistia as representações de suas peças “ele saltava por vezes na cena e corria entre os atores. Em sua poltrona, ele exclamava, gemia, chorava enquanto agitava o lenço, e até desmaiava caído sobre seu assento”. Desprezava o povo simples, ao qual chamava “a canalha”, queria que se “proibisse o estudo para os trabalhadores”, e dizia que “o maior serviço que se possa prestar ao gênero humano consiste em separar o povo tolo das pessoas de bem, para sempre”.

A MORTE DE UM ÍMPIO

O médico que o viu morrer, Tronchin, escreveu:

“Eu queria que todos os que foram seduzidos por seus livros fossem testemunhas de sua morte. Não é possível manter-se ante tal espetáculo... Pouco tempo antes de morrer entrou em agitações horríveis, gritando com furor: ‘Eu estou abandonado por Deus e pelos homens’. Mordia os dedos, e levando as mãos a um vaso noturno, tomando o que ali havia, ele o bebeu”.

Mme. Villete, dona da casa em que morreu Voltaire, contará mais tarde ao Pe. Depery que descreverá a seguinte cena: Voltaire “via o diabo nas cercanias da cama e gritava como um condenado: ‘ele está lá, ele quer me pegar, eu vejo o inferno’”.

No dia 30 de maio de 1778, às 11 horas, Voltaire estava com os olhos fechados quando “repentinamente lançou um grito atroz, terrível, interminável” e morreu. Todos ficaram aterrorizados.

(Trechos de publicação da Revista "Catolicismo" numero 466 de outubro de 1989)

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Rui Barbosa - Discursos Parlamentares

Senhores e Senhoras leitores do meu Blog. Apesar desse não ser um assunto religioso, penso ser oportuno publicar.



COLEÇÃO: DISCURSOS PARLAMENTARES

Rui Barbosa:

"A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.
A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto...
Essa foi a obra da república nos últimos anos.
No outro regime (a monarquia); o homem que tinha uma nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre - as carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos temiam a que, acesa no alto, guardava a redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da moralidade gerais.
Na república os tarados são os tarudos. Na república todos os grupos se alhearam do movimento dos partidos, da ação dos Governos, da prática das instituições. Contentamo-nos hoje com as fórmulas e aparências, porque estas mesmo vão se dissipando pouco a pouco, delas quase nada nos restando.
Apenas temos os nomes, apenas temos a reminiscência, apenas temos a fantasmagoria de uma coisa que existiu, de uma coisa que se deseja ver reerguida, mas que, na realidade, se foi inteiramente.
E nessa destruição geral de nossas instituições, a maior de todas as ruínas, Senhores, é a ruína da justiça, colaborada pela ação dos homens públicos, pelo interesse de nossos partidos, pela influência constante de nossos Governos. E nesse esboroamento da justiça, a mais grave de todas as ruínas é a falta de penalidade aos criminosos confessos, é a falta de punição quando se aponta um crime que envolve um nome poderoso, apontado, indicado, que todos conhecem... "

(OBRAS COMPLETAS - VOL. XLI - 1914 - TOMO III - PÁG.86/87)

domingo, 25 de julho de 2010

Nossa Senhora, livrai-nos do perigo do Comunismo

Prezados amigos do O COMBATE, o Pe. David rezou uma prece de suma importância para nossos dias. Fiquemos atentos.


quinta-feira, 22 de julho de 2010

Código da Cavalaria Medieval

CÓDIGO DA CAVALARIA MEDIEVAL

I- Crerás em tudo quanto ensina a Igreja e observarás todos os seus mandamentos.

II- Defenderás a Igreja.

III- Protegerás as viúvas, os órfãos e os fracos.

IV- Amarás o país em que nasceste.

V- Não recuarás diante do inimigo.

VI- Farás ao infiel guerra sem trégua e sem mercê.

VII- Cumprirás exatamente teus deveres feudais se não forem contrários à lei de Deus.

VIII- Não mentirás e serás fiel à palavra dada.

IX- Serás generoso e farás liberalidade a todos.

X- Serás o defensor do direito e do bem, contra a injustiça e contra o mal.

O Comunismo e os Dez Mandamentos

Pode uma pessoa ser comunista e católico ao mesmo tempo? Claro que não.


O decálogo nos manda:
“amar a Deus sobre todas as coisas”,
“não tomar seu Santo Nome em vão” e
“guardar os domingos e festas de preceitos”.


E o comunismo ateu tudo faz para extinguir a Fé, levar os homens à blasfêmia e criar obstáculos à normal e pacífica celebração do culto;

O Decálogo nos manda:
“honrar pai e mãe”,
“não pecar contra a castidade” e
“não desejar a mulher do próximo”.


O comunismo deseja romper os vínculos entre pais e filhos, entregando a educação destes em mãos do Estado. o comunismo nega o valor da virgindade e ensina que o casamento pode ser dissolvido por qualquer motivo, pela mais vontade de um dos cônjuges;

O Decálogo nos manda:
“não furtar” e
“não cobiçar as coisas alheiras”.


O comunismo nega a propriedade privada e sua tão importante função social;

O Decálogo nos manda:
“não matar”.

O comunismo emprega a guerra de conquista como meio de expansão ideológica e promove revoluções e crimes em todo o mundo;

O Decálogo nos manda:
“não levantar falso testemunho”.

O comunismo usa sistematicamente a mentira como arma de propaganda.


segunda-feira, 19 de julho de 2010

Perseguição desde sempre

Disse Nosso Senhor Jesus Cristo: Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós. (São João 15, 18). Lembrai-vos da palavra que vos disse: O servo não é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também vos hão de perseguir. Se guardaram a minha palavra, hão de guardar também a vossa. (São João 15, 20).


domingo, 18 de julho de 2010

Dispostos a receber um tiro

Todos sabem a história dos CRISTEROS. Esse grupo de heróis católicos que resistiu ao governo do México que queria perseguir duramente a Igreja Católica. Santos heróis, esses cristeros lutavam e morriam bradando: VIVA CRISTO REI!


Um episódio sobre os CRISTEROS:

Contam que durante a guerra dos “cristeros”,quando a revolução mexicana perseguia até a morte à Igreja, as missas se celebravam clandestinamente e os vizinhos passavam a informação com a voz de casa em casa, quando algum sacerdote chegava ao povoado, vestido à “paisana”.
Num certo povoado na zona rural do México, estavam aguardando o sacerdote que chegaria no fim de semana, de uma outra aldeia vizinha. Os catequistas clandestinos tinham preparado batismos e outros sacramentos. Para o evento tinham conseguido um velho armazém, suficientemente amplo para albergar alguns centos de fiéis. Naquele domingo, pela manhã, o velho depósito estava totalmente lotado com a quantidade de pessoas que chegavam dos arredores. As 600 pessoas que estavam reunidas, aguardando o início da celebração, se assustaram quando entraram no local dois homens uniformizados e armados. Um deles disse:

“- Quem se atreve a receber um tiro, por Cristo, fique onde está... O resto pode ir saindo já! As portas estarão abertas apenas 5 minutos.”

Imediatamente vários integrantes do coro se levantaram e saíram... Também alguns dos diáconos foram embora e a maior parte da freguesia. Passados menos dos 5 minutos prometidos, somente 20 pessoas dos 600 paroquianos restavam no recinto. Então o militar que tinha falado antes encarou o sacerdote e disse:

“- O. K. padre, eu também sou cristão e já me desfiz dos hipócritas. Continue com a celebração.”

“Histórias que Evangelizam” – Gilberto Gomes Barbosa.
Comunidade Obras de Maria

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Os três dias de trevas

No livro "O Fim do Mundo está Próximo?" profecias antigas e recentes recolhidas pelo Padre Julio Maria (Livraria Boa Imprensa - 4ª Edição), constam relatos impressionantes. O livro teve o nihil obstat do Conego José de Lima Ferreira, o Imprimatur de Dom José Maria (Bispo de Caratinga) e o Reimprimatur do Mons. Aristides Rocha (Vigario Capitular).

Vejamos o que o livro diz na página 63:

"Por cúmulo de desgraças, o mundo será envolto em trevas por três dias contínuos, durante os quais nenhum meio de iluminação funcionará, a não ser velas bentas...
O que acontecerá nessa noite pavorosa é indescritível! Muitos enlouquecerão, muitos suicidar-se-ão.
Os próprio demônios - afirmam as profecias - sairão do inferno, para matar os ímpios.
A confusão será tal que ninguém compreenderá mais nada."

O Santo Padre Pio já havia falado também sobre esse terrível castigo que abalaria toda a terra.

Pesquisando no Youtube achei um video relacionado com o assunto, publicado pelo "derradeiro combate":



terça-feira, 13 de julho de 2010

Banda Militar da Noruega - Belíssimo Espetáculo

O combate mostra desta vez, uma grande banda militar da Noruega. O sincronismo dos passos, a coordenação dos movimentos, tudo é maravilhoso. Assim como deve ser o católico. Saber lutar, mas fazer da luta uma beleza maravilhosa.


sábado, 10 de julho de 2010

Quem voltou à Terra? Anjo ou Demônio?

A devoção aos Santos Anjos é uma coisa admirável. Muitas pessoas veneram os Santos Anjos. No entanto, como eu disse, na introdução deste blog, muitas pessoas utilizam os anjos para distorcerem a noção dessa realidade admirável que são os Santos Anjos. E mais, às vezes utilizam os próprios anjos para difundirem ideais esotéricos, e através dos Santos Anjos introduzem demônios (que também são anjos).


Na Revista “Globo Ciência” (ano 5, número 55), cujo título é “O Enigma dos Anjos – No fim do século, voltam à Terra os seres espirituais”, há na capa um desenho extremamente sugestivo: A figura de dois Anjos... ou três? Observe bem, não se sabe se por um erro de impressão ou desenho, mas parece que o anjo da direita está introduzindo um ser menor que ele parece carregar com as mãos. Que ser é esse?

Alias, se perceberem bem, os pés do anjo da direita está bem na direção da criatura menor que está na frente, e não parecendo ser a do anjo que está atrás, pois o anjo de trás está um pouco curvado para frente.
Estaria eu vendo coisas? Ou é uma dica para quem “interpretar” o desenho?
Colaboração enviada pela Catina do Blog Casa dos Santos Anjos.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Intimação não atendida, Ameaça Cumprida


No dia da Ascenção de Nosso Senhor do ano de 1429, os ingleses defensores de Orleans receberam de Santa Joana D’Arc a seguinte intimação:

- A Vós, ingleses, que não tendes nenhum direito sobre este Reino de França, o Rei dos Céus vos ordena e intima por mim, Jeanne la Pucelle: retirai-vos de vossas fortalezas e retornai a vosso país, pois senão vos farei tal mortandade que dela as guardará perpétua memória. Eis o que vos escrevo pela terceira e última vez, e não mais escreverei.

Assinado: Jesus, Maria e Jeanne la Pucelle


Os ingleses se dispensaram de responder à intimação. No dia seguinte, 8 de maio, após violento assalto, Santa Joana D’Arc entrava vitoriosa em Orleans.O cerco da praça forte durara apenas 8 dias.
“Vie et Mort de Jeanne D’Arc”
Regine Pernoud

domingo, 4 de julho de 2010

Vingadores de Deus, missão angélica quase desconhecida

No Antigo Testamento, além do conhecido papel de proteção exercido pelos anjos, também figuram eles como agentes vingadores da justiça divina.

(Lot e sua família fogem de Sodoma, consumida pelo fogo
enviado do Céu mediante a ação de um anjo)

Qual a imagem, que a maioria dos católicos atuais forma, quando se fala em anjo? É a de um conhecido clichê, freqüente na iconografia popular e que aparece até em folhinhas de parede: o anjo da guarda amparando a criancinha que atravessa uma frágil ponte... Mesmo essa visão dos anjos custódios é deformada em nossa época, como teve oportunidade de apontar o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu artigo O anjo da guarda é menos inteligeme que o demônio? (Catolicismo, maio de 1954).
Além do anjo da guarda, três outros espíritos celestes, quando muito, se incluem no panorama mental de boa parte dos fiéis: São Miguel, lançando o brado “Quem como Deus?”, chefe da milícia de anjos fiéis e vencedor do dragão infernal; São Rafael, que protegeu Tobias em sua viagem; e São Gabriel, cuja festa se comemora a 24 deste mês, o Arcanjo que anunciou a Maria Santíssima a Encarnação do Verbo Divino.
Já serão, por certo, bem menos numerosos os que sabem ter sido esse Arcanjo enviado ao profeta Daniel para instruí-lo acerca da data em que o Messias deveria nascer; como também que foi o mesmo mensageiro celeste que anunciou a São Zacarias a honra de vir a ser o pai de São João Batista, precursor do Messias.
Isto posto, nada melhor do que considerarmos agora o aspecto puniente das inumeráveis missões que os anjos exercem.

A multidão angélica

Ensina São Tomás de Aquino que a providência dos anjos é universal e se estende sobre todas as criaturas corporais, regidas e governadas pela Providência Divina por intermédio deles (cfr. De Veritate, q. V, a. 8). Tanto mais que a Providência Divina se estende mesmo às coisas singulares (cfr. Contra Gentiles, c.76).
Quanto ao universo angélico, Deus não foi parco ao criá-lo. São Tomás é muito claro a respeito do número incomensurável de anjos: “Os anjos formam uma multidão imensa, superior à multidão dos seres materiais, porque quanto mais perfeitas são as coisas, com tanto maior prodigalidade são criadas por Deus” (Suma Teológica, Ia., q.50, a. 3).
Dentre as incontáveis missões confiadas por Deus aos anjos, uma, pouco realçada, é a ação punitiva, exterminadora e devastadora, que eles podem exercer. Episódios históricos famosos, narrados pelas Sagradas Escrituras, são exemplos elucidativos de tais intervenções angélicas de cunho exterminador. Vejamos alguns deles, extraídos do Antigo Testamento.
São fatos que atestam a atuação dos espíritos celestes como instrumentos eficazes da justiça divina, como seus gládios vingadores. Papel muito importante e real, pouco conhecido contudo, provavelmente porque se choca contra a mentalidade adocicada de tantos católicos mal formados, refratários à idéia de anjos punientes e de um Deus justiceiro. De acordo com essa mentalidade distorcida, é mais agradável focalizar o anjo apenas como guardião das criancinhas em perigo e não considerar o reverso da medalha...

A morte dos primogênitos

Tendo o Faraó, rei do Egito, se negado a libertar do cativeiro o povo eleito, Deus castigou-o com as famosas e terríveis dez pragas, a última das quais foi a morte de “todos os primogênitos da terra do Egito, desde o primogênito do Faraó... até o primogênito da escrava, que está à mó, e até os primogênitos dos animais” (Ex. 11, 4-5).
Eis o que, a respeito, comenta Cornélio a Lápide, famoso exegeta flamengo do século XVII: “O anjo matou esses primogênitos pelo gládio e não pela peste. Com efeito, na Escritura, gládio significa todo instrumento mortífero, toda arma, todo gênero de morte, como disse alhures. Aliás, o anjo não necessita do gládio, pois é-lhe facílimo, sozinho, matar os homens, despedaçando-lhes o coração, perturbando-lhes as partes vitais, sufocando-os, ou por outros modos semelhantes, assim como nós, homens, esmagamos e matamos pulgas com o dedo” (Comelius a Lapide, Commentaria in Scripturam Sacram, Vivès, Paris, 1874, t.l, p. 521). Mais adiante, no mesmo livro do Exodus (23, 20-23), a narração bíblica é muito clara, quando Deus promete sua bênção e recompensa a quem observa sua Lei: “E eis que eu enviarei o meu anjo, que vá adiante de ti, e te guarde pelo caminho, e te introduza no lugar que preparei. Respeita-o, e ouve a sua voz, e vê que não o desprezes; porque ele não te perdoará, se pecares, e o meu nome está nele. Se ouvires a sua voz, efizeres tudo o que te digo, eu serei inimigo dos teus inimigos, e eu afligirei os que te afligem. E o meu anjo caminhará adiante de ti, e te introduzirá na terra dos Amorreus, e dos Heteus, e dos Ferezeus, e dos Cananeus, e dos Heveus, e dos Jebuseus, os quais exterminarei”. Esta mesma ameaça é reiterada no Cap. 33, verso 2, quando Deus ordena a Moisés que o povo judeu parta do Egito.

(O Arcanjo São Miguel exterminando o exército de Senaqueribe)
Estrépito sobre as árvores

Os filisteus –– povo que vivia na zona litorânea da Palestina –– levantaram-se contra Davi, quando souberam que ele tinha sido ungido rei de Israel. Então Davi pediu, e obteve, o auxílio divino para enfrentar seus temíveis inimigos (cfr. II Livro dos Reis, 5, 17 -25). Eis o papel dos anjos na luta contra os filisteus, conforme os comentários de Comélio a Lápide: "Os anjos, enviados de Deus e como que generais da guerra, produziam um som estrepitoso no alto das pereiras, como se estivessem avançando para o combate ao lado de Davi contra os filisteus, afim de que estes se atemorizassem ao ouvirem o ruído da chegada de incontáveis adversários, ao mesmo tempo em que eram acossados na retaguarda por Davi. 'Quando ouvires um rumor no cimo das árvores, então consola-te, porque o anjo do Senhor irá adiante de ti para exterminar os exércitos dos filisteus'. Aqui se vê o maravilhoso auxílio divino que Davi recebeu na batalha. Pois Deus, lutando por seu rei Davi, afim de derrotar os filisteus, quis que o estrépito dos anjos, produzido no cimo das pereiras, chegasse aos ouvidos dos invasores como ruído de um potente exército, afugentando-os e fazendo-os cair nas mãos de Davi. E assim fossem mortos pelo rei e por seus anjos tutelares" (op.cit., p. 452).
O anjo estende sua mão
Deus castigou os israelitas, com a peste, pelo fato de o rei Davi ter ordenado o recenseamento do povo, contrariando a vontade divina. Tratam desse episódio o II Livro dos Reis, capo 24, e o capo 27 do I Livro de Paralipômenos: "E, tendo estendido o anjo do Senhor a sua mão sobre Jerusalém para a destruir, o Senhor compadeceu-se de sua aflição, e disse ao anjo exterminador do povo: Basta, detém agora a tua mão".
Comenta Comélio a Lápide: "Aqui fica claro que este anjo, que infligiu a peste, era um anjo bom e não mau. Foi um anjo bom que queimou Sodoma (Gen. XIX), e também aqui, como se vê no verso XVII, onde Davi pede misericórdia ao anjo. Anteriormente, o anjo havia ferido com a peste as outras tribos e delas matado setenta mil homens. No terceiro dia (do castigo), teria também ferido Jerusalém e aí aniquilado a muitos, pois os habitantes dessa cidade haviam ofendido a Deus, não só conspirando com Absalão (filho de Davi) contra o rei, como também por muitos outros pecados" (op.cit.,p. 536).

Extermínio de um exército.
A ação aniquiladora dos anjos mais citada no Antigo Testamento foi a matança de 185 mil homens do exército de Senaqueribe, rei da Assíria, que havia cercado Jerusalém, no reinado de Ezequias (*). Tal fato, ocorrido numa época em que a Ásia Menor constituía o mundo habitado e conhecido de então, é deturpado pelo historiador grego Heródoto, em sua obra Eutelpe, trocando Judá por Egito e Ezequias por Vulcão (cfr. Comélio a Lápide, op.cit., t. IV, p.189). É legítimo, então, perguntar se foi esta a única vez que historiadores tenham deturpado ações angélicas semelhantes à que estamos considerando. Segundo Comélio a Lápide, teria sido São Miguel Arcanjo, príncipe da milícia celeste, quem teria matado os 185 mil assírios (op. cit., t. m, p. 165).
Eis, em breves pinceladas, alguns exemplos do papel exterminador dos anjos no Antigo Testamento.

Cabe legitimamente indagar se esse papel se restringiu apenas àquele período histórico, ou se os anjos continuam a atuar em eventos decisivos da história da salvação, na vigência do Novo Testamento. Isso, entretanto, já é matéria para outro artigo.
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(*) IV Livro dos Reis, 19,35; 11 Livro dos Paralipômenos, 32, 21; Eclesiástico 48, 24; Isaías 37, 36; I Livro dos Macabeus 7, 41 e 11 Livro dos Macabeus, 15,22.
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Escrito por José Maria Rivoir
(Revista Catolicismo de Março de 1992)